Sobre a Norma NBR 16.9292/2021

Introdução da página principal

A norma brasileira ABNT NBR 16.929/2021, Máquinas Elétricas Girantes – Reparo, Revisão ou Modificação, foi criada para levar ao reparador de motor, conhecimentos e métodos de como realizar um recondicionamento de qualidade e, após o motor recondicionado, avaliar se o reparo foi corretamente efetuado.

Ela faz parte de uma série de iniciativas por parte do governo federal, impulsionada pela publicação da Portaria Interministerial MME/MCT/MDIC nº 1 de 29 de junho de 2017, substituta da Portaria Interministerial nº 553, que estabelecia os rendimentos mínimos que motores elétricos de indução trifásicos novos comercializados no país deveriam ter, incluindo os fabricados no país e os importados. Essa nova portaria, além de aumentar os níveis dos rendimentos mínimos de alto rendimento (IR2) para a Premium (IR3), incluiu nesta regra, os motores recondicionados que são revendidos no país. Não está incluso nesse requisito os motores recondicionados levados para o serviço de conserto pelo próprio cliente.

Essa Portaria Interministerial abrange os motores elétricos de indução trifásicos gaiola de esquilo com potência nominal igual ou superior a 0,12 kW (0,16 cv) e até 370 kW (500 cv) em dois polos, quatro polos, seis polos e oito polos de tensão alternada até 600 V e 60Hz de frequência, de indução trifásicos. 

A norma ABNT NBR 16.929/2021 abrange outros tipos de máquinas elétricas girantes. Sua elaboração contou com as experiências de diversos profissionais especialistas representantes de empresas de recondicionamento, de fabricantes de motores e de laboratórios de ensaio. Baseou-se, ainda, nas referências de normas de outros países. Duas normas foram utilizadas como base, a IEC 60034-23 Rotating electrical machines – Part 23: Repair, overhaul and reclamation  e a sul africana SANS 10242-1.


O porquê do recondicionamento e a necessidade da norma

O serviço de recondicionamento/reparo do motor elétrico é muito utilizado pelos consumidores residenciais, comerciais e industriais quando um motor para de funcionar ou apresenta algum problema. Em vez de gastar na aquisição de um equipamento novo, esse consumidor gasta somente uma fração desse investimento para colocá-lo de volta em funcionamento, reparando-o.
Esse é um recurso extremamente válido para a garantia de menores custos de manutenção, todavia, há muitas ressalvas que muitas vezes são ignoradas pelo consumidor. Podemos destacar quatro ressalvas:

1)    A primeira é que esse motor reparado até consumirá menos energia de quando estava com problemas, mas a probabilidade é muito baixa desse motor voltar a consumir a mesma energia de quando era novo. Pode haver perdas adicionais no processo de recondicionamento [1], principalmente se o reparo não for realizado de forma adequada. Essas perdas se consideradas no longo prazo, além de diminuir a vida útil do motor, pode ocasionar relativamente grandes perdas monetárias;
2)    Em segundo, a maioria dos motores elétricos no Brasil são mal dimensionados [2] e estão operando fora da faixa de potência que a carga necessita, ou seja, fora da potência de operação do motor que fornece o melhor rendimento e o menor consumo relativo de energia; 
3)    Em terceiro, cerca de 85% das empresas de recondicionamento de motores no Brasil são de pequeno porte, em que muitas delas não possuem conhecimento suficiente para a realização de um trabalho de qualidade, no que tange à eficiência do motor [3]. O país possui empresas de reparo de nível internacional que fazem parte da rede de assistência técnica dos fabricantes nacionais, mas as dimensões do país e a desestruturação deste setor fazem com que estas abranjam uma pequena parte dos serviços realizados no país.
4)    Também foi visto que os consumidores, em sua maioria, não possuem o histórico de manutenção desses motores, refletindo na existência de inúmeros motores em seu parque que já foram reparados diversas vezes, ocasionando em alto consumo de energia devido aos baixos rendimentos [3].
5)    As perdas de energia adicionais causadas pelos motores ineficientes é de cerca de 8,43TWh por ano no país [3]. O equivalente a 1,8 vezes a produção de energia de Angra I em 2016, ou o consumo de 4,5 milhões de Residências Brasileiras. 

Perante o exposto, todos esses fatos destacam a importância de promover um serviço de reparo nos motores de qualidade no país. Além de fornecer orientações para que o usuário analise se é melhor economicamente recondicionar/reparar o motor ou comprar um novo que pela regulamentação atual tem rendimento da categoria premium. 
Por quem a norma foi criada:

O Ministério de Minas e Energia (MME), coordenador do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), criou o Grupo de Trabalho de Motores Recondicionados (GT de Motores Recondicionados) em 2017, com o objetivo de estabelecer um conjunto de ações para promover a eficiência energética nessa área. O GT conta com a participação de instituições governamentais (Ministério de Minas e Energia – MME, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, operacionalizado pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRAS, o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica – CEPEL, e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO), instituições de ensino (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI), associações de classe (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE, International Copper Association – ICA/Procobre, Confederação Nacional da Indústria – CNI e Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e dos Consumidores Livres – ABRACE), e representantes da sociedade especialistas em energia. O Grupo busca mapear o setor de motores recondicionados para reconhecer os impactos criados em diversas áreas, e propor ações e medidas governamentais ao Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE) para a melhoria deste mercado.

A composição do grupo de trabalho de motores recondicionados com a participação de instituições de diversos setores possibilita o mapeamento de todo o mercado de motores recondicionados. Desta forma, é possível identificar os impactos desse mercado em diversos setores, sugerir e apoiar o desenvolvimento de ações de políticas governamentais para sua melhoria.

Baseando-se nas recomendações dos estudos da PUC-Rio [3] [4], e na experiência dos seus membros, o GT elencou 6 áreas de atuação, que serão descritas nas subseções, quais sejam: Regulamentação; Normalização; Caracterização do Setor; Conscientização do Consumidor; Qualificação/Treinamento; e Representatividade Setorial.

Na vertente de Normalização, foi estimulada a criação de uma norma brasileira de reparo de motores, que se tornou a NBR ABNT 16.929/2021. Ela suprime parte da ausência de normas brasileiras na área de reparo. Esta ação é de extrema importância na medida em que estabelece procedimentos apropriados de reparo que pode servir de base para programas de qualificação e certificação. Isso contribuirá para que a qualidade geral dos serviços das empresas reparadoras do país seja melhorada e, consequentemente, as perdas nos processos de reparo inadequados sejam diminuídas.
Entendendo a importância de divulgar essa norma 

A GIZ, em parceria com o MME, traz esse Guia Digital da norma ABNT 16.929 com o objetivo de esclarecer, exemplificar e ilustrar a norma, simplificando o entendimento e facilitando a disseminação desse conteúdo para os profissionais do setor de reparo de máquinas elétricas e para os consumidores que possuem máquinas elétricas girantes em suas instalações. O reparador terá o conhecimento necessário para realizar um trabalho de qualidade, que refletirá na baixa ou nenhuma inserção de perdas adicionais no motor durante o reparo, e o consumidor entenderá como decidir em mandar recondicionar um motor ou comprar um motor novo, além de orientações para a escolha de um reparador de qualidade e para especificar um bom serviço.

 

[1] BAZURTO, A. J.; QUISPE, E. C.; MENDONZA, R. C. Causes and failures classification of industrial electric motor. Proceedings of the 2016 IEEE ANDESCON, ANDESCON 2016, 2017.
[2] SOUZA, R. et al. Pesquisa Mercadológica sobre Motores Recondicionados - Uma proposta para o órgão regulador. 2013.
[3] Souza, R. C. Pesquisa Mercadológica sobre Motores Recondicionados: Uma proposta para o órgão regulador, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019.
[4] Souza, R. C. Pesquisa Mercadológica sobre Motores Recondicionados: Uma proposta para o órgão regulador, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013.

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